Brand Abuse, Sales Abuse

Como combater a pirataria na internet

Por Matheus Loyola em
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Cenário

Nos últimos anos, o mercado brasileiro tem sido um dos que mais sofrem com a venda de produtos falsos e pirataria. Em 2016, o país perdeu mais de R$ 146 bilhões para o mercado de falsificados, cujo faturamento cresce a uma taxa de R$ 15 bilhões ao ano. Com esse desempenho, o Brasil logo poderá se tornar a capital mundial da pirataria.

Não existe setor imune à pirataria. Em qualquer indústria, há produtos ou marcas que podem acabar em mercados paralelos. Por isso, nenhuma empresa está totalmente protegida contra vendas ilegais. O uso indevido da propriedade intelectual de uma marca é extremamente prejudicial para uma empresa e para os consumidores. Falsificações podem ser de baixa qualidade, prejudicando a experiência do consumidor e não gerando o valor que a marca genuína costuma apresentar.

Com o crescimento do mercado digital, os produtos falsificados ganharam novos canais de venda. Se mesmo no comércio físico a fiscalização à pirataria encontra dificuldades, o ambiente digital gera desafios ainda maiores às marcas e empresas atingidas pela oferta massiva de produtos falsos.

Nesse cenário, resta à empresa detentora da marca tomar atitudes para regular o comércio de seus produtos, garantindo que o consumidor, independentemente da plataforma de compra, adquira um produto original, que reflita a qualidade empregada em sua produção.

Ações contra a pirataria digital

Há diversos métodos que uma empresa pode utilizar para monitorar a comercialização de seus produtos. Uma delas é a verificação manual, na qual um funcionário ou uma equipe buscam por anúncios da empresa em canais de venda na internet. Outra forma de encarar o problema é contratando uma ferramenta de monitoramento de riscos digitais, de forma a automatizar o processo.

No início do projeto, é importante mapear plataformas de venda de produtos na internet, conhecidas como marketplaces. Atualmente existem, apenas no Brasil e na América Latina, mais de 300 marketplaces diferentes, tais como: Mercado Livre, OLX, Enjoei, Americanas, Submarino etc. Redes sociais, como o Facebook e o Instagram, já desenvolveram canais de venda próprios em suas plataformas.

Se você optar por conduzir o monitoramento com um time interno, os funcionários teriam uma carga de trabalho muito grande para buscar manualmente os anúncios de produtos relacionados à sua marca. Um funcionário com um bom conhecimento de mercado consegue encontrar, avaliar e classificar cerca de 120 anúncios por dia, em média.

Podemos usar como exemplo o caso de uma empresa da indústria de vestuário esportivo atendida pela Axur, a qual possui mensalmente uma média de 3.734 ocorrências de produtos falsos na internet. Considerando o volume de casos relacionadas à marca e o nível de eficiência do trabalho manual de um funcionário interno, seriam necessários, no mínimo, dois funcionários dedicados exclusivamente para esse trabalho dentro da empresa.

Grande parte desse trabalho manual foi automatizado por meio da plataforma de proteção de riscos digitais da Axur, economizando cerca de 80% da força de trabalho que seria exigida de um time de riscos digitais internamente. Assim, é possível preservar muitas horas de trabalho dos analistas da empresa ou até mesmo cobrir a demanda com times menores.

Identificando produtos piratas_

Ao buscar apenas pelo nome de uma marca no Mercado Livre, nos deparamos com dezenas de milhares de anúncios de produtos, os quais devem ser analisados e classificados. Para facilitar a identificação de vendas indevidas, é preciso identificar padrões suspeitos nesses anúncios. Para isso, é preciso coletar informações relevantes de cada anúncio, como: URL, nome do produto, preço de venda e quantidade disponível, entre outros dados.

Para otimizar a busca prezando por resultados mais eficientes, são utilizadas palavras-chave que filtram o conteúdo a ser analisado. São usadas palavras relacionadas a vendas ilegais, comumente identificadas em vendas na internet, por exemplo: “similar”, “paralelo”, “réplica”, “outlet”, “varejo” e “multimarcas”. Assim, o volume de conteúdo encontrado é reduzido para centenas de resultados por busca.

Além disso, é necessário um criterioso processo de validação de uma oferta para identificar se representa um produto pirata. Assim, é importante ficar atento a diversos detalhes dos anúncios encontrados após o filtro, por exemplo:

  • Preço: a venda de um produto por um preço muito diferente do praticado normalmente no comércio formal pode ser um sinal de que o item é falso.
  • Canal de venda usado: via de regra, produtos originais e idôneos não são encontrados em canais de venda suspeitos ou vendidos em redes sociais.
  • Logotipo: muitas vezes, produtos falsificados não têm logos realistas, podendo estar distorcidos e/ou com tipografia e design errados ou desatualizados.
  • Foto do produto: é comum que imagens genéricas ou replicadas de outro website sejam usadas para representar um produto falso.
  • Estoque: raramente vendedores possuem um grande estoque de todos os tamanhos e cores de uma determinada peça de vestuário. Quando prometido pelo anunciante, pode ser um sinal de que o item é falso.

Removendo vendas ilegais_

Após passar pelas etapas de coleta e análise, e tendo coletado as informações referentes a um anúncio malicioso, deve-se entrar em contato com o marketplace em questão. Geralmente, esse contato ocorre por um canal específico, voltado a esse tipo de denúncia. O reclamante deverá apresentar os dados necessários e solicitar a remoção do anúncio. Depois, será preciso acompanhar o andamento de sua solicitação, até que o anúncio seja removido. Isso deve ser feito para cada anúncio, individualmente, e a verificação pode ser necessária por diversas vezes até a constatação de que o procedimento foi bem-sucedido.

Cada canal de vendas tem um processo próprio para a remoção de conteúdo. Os times de resposta a incidentes dessas empresas podem demorar semanas ou até meses para efetuar a remoção de um anúncio, caso uma denúncia estiver fora dos padrões exigidos. Por isso, é importante conhecer cada marketplace e saber quais são os procedimentos corretos em cada caso.

Remover anúncios ilegais pode ser uma ação trabalhosa e delicada. A melhor forma de garantir uma alta produtividade em sua equipe de analistas é fazer com que eles direcionam sua atenção aos conteúdos mais relevantes.

Plataformas de proteção de riscos digitais podem representar a aplicação de um know-how de anos de experiência em remoção de conteúdo irregular. Toda essa experiência nutre a confiança tanto na escolha de fornecedores quanto no combate a ameaças a seu negócio.

Fontes:

https://www.techtudo.com.br/noticias/2018/03/brasil-e-um-dos-paises-que-mais-consome-pirataria-revela-pesquisa.ghtml/

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/03/empresas-e-governo-perdem-r-146-bilhoes-para-pirataria.shtml/

https://www.gazetaonline.com.br/noticias/cidades/2015/10/mulher-e-presa-apos-vender-iphone-falsificado-para-delegado-em-jardim-da-penha-1013910560.html/

http://querodicas.com.br/diferenca-entre-roupas-originais-e-falsificadas/

http://importabr.com.br/forum/showthread.php?21877-Como-identificar-original-X-réplica/

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ESPECIALISTA CONVIDADO

Eduardo Schultze, Coordenador do CSIRT da Axur, formado em Segurança da Informação pela UNISINOS – Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Trabalha desde 2010 com fraudes envolvendo o mercado brasileiro, principalmente Phishing e Malware

AUTOR

Matheus Loyola

Mineiro se aventurando por São Paulo, formado em Produção Audioviosual e pós-graduado em Marketing, de fotógrafo e produtor freelancer à Analista de Marketing & Vendas pela Axur. Atualmente se metendo a redator por essas bandas.